sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Re-pensando os horizontes do CINEFAGIA

"O Neo-Realismo italiano e a Nouvelle Vague são possivelmente os movimentos mais importantes de revigoramento do cinema na segunda metade do século passado. Ambos são diretamente originários do cineclubismo, da organização do público com vistas à participação crítica no processo cinematográfico, que levou à contestação das formas estabelecidas e à proposição criativa de novas. A partir dessas duas correntes, em maior ou menor medida, e através também dos cineclubes e algumas outras formas de reunião de jovens e cinéfilos, multiplicaram-se pelo mundo vários outros movimentos, que criavam, afirmavam, reformavam os cinema nacionais. E, por sua vez, influenciavam o cinema mundial. Foi muito claramente o caso do Cinema Novo brasileiro, mas igualmente de uma onda latino-americana que hoje denominamos Nuevo Cine, impulsionada, além do nosso, principalmente pelos cinemas de Cuba, da Argentina e do México. Também aconteceu na Tchecoslováquia, na Polônia, na Hungria. Na África árabe, principalmente no Egito, afetando os países do Magreb, e ao sul, à medida que avançava a independência das ex-colônias européias, também o cinema africano negro dava seus primeiros passos, quase sempre a partir de grupos cineclubistas. O cinema asiático, por sua vez, praticamente desconhecido no “Ocidente”, passou a dialogar com o cinema mundial através da atividade dos cineclubes ." ( http://cineclubes.org.br/tiki/HIST%C3%93RIA+DO+CINECLUBISMO )

Esse texto faz uma boa retomada da história do cineclubismo, acho que é uma boa leitura inicial para a gente discutir as bases do que foi/é/ e o que queremos com um Cineclube - conseguindo horizontes mais de fundamentação mais consistentes do CINEFAGIA.

Essa citação já é de mais da metade a frente do texto, quando saído da década de 1920 o autor chega no Pós-Segunda Guerra Mundial chamando a atenção para esses dois movimentos cinemotográficos que são oriundos de uma cultura cineclubista e que renovaram o cinema mundial, lançando importantes influências ao Cinema Novo Brasileiro.

domingo, 9 de janeiro de 2011

"Você já foi ao Japão?"

Comentário à postagem redirecionada do "blogdopituco" ( http://blogdopituco.blogspot.com/2010/05/154.html ) no Blog do Itárcio ( http://blogdoitarcio.blogspot.com/2011/01/voce-ja-foi-ao-japao.html ):

Acho complicado colocar a questão como se isso tudo fosse apenas imposto pelo cinema e TV - quando há certo grau de legitimação da própria população que termina por se identificar com as propostas estéticas que lhes são apresentadas - e colocar tudo como modismo. Concordo que há certos aspectos preocupantes na juventude como a despolitização, o gosto pelo descartável e a fugacidade das relações tão característico de nossa sociedade atual. Mas também acho que às vezes é preconceituoso resumir as coisas a "modismos" quando ela foge de uma identificação dos valores aos quais nos identificamos. Para mim, a questão seria entender o porquê de se desenvolver tal cultura, por exemplo, no Japão: por que o tipo de música produzido lá é tão diferente e com vozes que, às vezes, soam-nos tão desarmoniosas? Por que o surgimento de tal estética de vestuário? Quais os malefícios que isso poderia gerar?
Acompanhava a "cultura pop" japonesa antes de entrar na universidade, e embora hoje tenha diversas críticas ao que se produz lá, acredito que há muito de incompreensão cultural dos brasileiros, em geral, quando se deparam com aquilo que circula lá.
Acredito que, colocando na oposição capitalismo/socialismo, uma real sociedade com socialização - dos meios de produção material, deveria garantir meios democráticos, inclusive, de produção cultural e permitir as pessoas fazerem opções que lhes dão prazer. Apesar de toda essa cultura estar ligada, evidentemente, a uma questão de mercado, o que nos faz garantir que as pessoas não poderiam optar por fazer algo parecido em outras condições? Me preocupa às vezes essas questões, afinal, foi muito difícil para a esquerda ultrapassar, inclusive, a estética do realismo-socialista, que teve seu momento fértil mas depois representou um entrave artístico para muitos artistas que eram praticamente obrigados a permanecer naquele tipo de produção por ser "engajada"; aqui no Brasil isso gerou um movimento que deu origem à fantástica produção do Cinema Novo e do Tropicalismo.
Em suma, uma sociedade mais igualitária deve ser buscada com respeito às diversidades, artísticas inclusive.