As águas sugerem um caminho leve para
as coisas desse mundo.
A correnteza carrega folhas, gravetos
e até lembranças vêm e seguem nesse fluxo. Encalhados, no entanto,
permanecem meus pés, fixos, ignorando essa força.
Cabelos e pele encharcados resistem ao
líquido que me tenta embebedar.
Do céu, gostas querem me dissolver,
mas meu corpo permite apenas que escorram sobre mim sem tomar parte
nessa fluidez. As gotas se contentam em acariciar-me.
De dentro de algum lugar seco e
solitário, vejo a chuva que pede entrada: seu som chega aos meus ouvidos, seu
frio úmido me envolve, suas lágrimas correm pela janela colorida.
Como nunca sei se acho esse evento
triste ou alegre, procuro abrigo. E perante seu chamar fico entre
deixá-la ou não entrar.
Quando criança bastava seu anúncio
para correr pelas ruas e me banhar de seu carinho.
Hoje, as cobertas me esquentam.
Chuva é riso que molha o solo e
permite tudo florescer.
Seres humanos, adultos, não sabem seu
lugar na chuva ou no sol, e os deixam para as plantas.
Adultos chovem salgado por algo que morre.
Adultos chovem salgado por algo que morre.
Ela ri e como se fôssemos flores nos
rega.
A chuva é criança.
A chuva é criança.
Retribuiria tanto amor se não tivesse
tanto medo de tanto molhar.
Um comentário:
bonito texto :)
tem que perder o medo da chuva!
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