domingo, 22 de fevereiro de 2009

Hipocrisia, Homossexualidade e Educação (parte 2)

Nesta segunda parte, ainda no eixo diversidade sexual e educação, abordo, a partir da leitura de um blog de um militante do Movimento Estudantil, Pedro Henrique Tavares, (ME) e de um caso de homofobia que ocorreu na USP.



Em uma festa promovida pelo CA de veterinária o estudante de letras Jarbas Rezende Lima, de 25 anos e seu amigo José Eduardo Góes, de 18 anos, foram expulsos agressivamente, sendo expostos e constrangidos a todos presentes (acenderam as luzes neles e pararam o som antes de colocá-los para fora).

O CA de veterinária afirmou que eles não estavam apenas se beijando, mas com carícias muito explícitas, motivo pelo qual foram expulsos.

Os estudantes prestaram queixa por constrangimento ilegal e lesão corporal na Decradi, a Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância. O fato ocorreu em 29 de agosto de 2008, levando a uma manifestação entitulada de Beijaço que ocorreu no dia 31 do mesmo mês.

É na dicotomia discurso-realidade que podemos identificar como o preconceito está realmente presente no nosso cotidiano. Muitos poderão justificar a atitude do CA de veterinária em um exagero dos dois estudantes. Mas, nunca ouvi falar nem vi, algum casal heterossexual ser exposto ao ridículo ou expulso de algum lugar por estarem com carícias quentes. Não nos dias de hoje e em festa de jovens. Mesmo que eles afirmem que em outras festas gays se beijavam na pista de dança, isso não justifica o que fizeram.

O que chama a atenção nesse caso é a discriminação ter vindo do próprio movimento estudantil. Alguém pode até chamar a atenção para que isso não seja uma atitude necessariamente discriminatória ao homossexual, mas que poderia ocorrer a qualquer um, porém, se se abre espaço para tal afirmação é porque os homossexuais sofrem grande opressão na sociedade. E é estarrecedor saber que tem gente, sim, que acredita que os homossexuais usem a discriminação como artifício para "justificar seus erros" ou que não há preconceito contra eles.

Vale ressaltar que aqui em João Pessoa, ocorreu um caso parecido, quando o estudante de pedagogia Alcemir Freire e seu namorado foram discriminados por uma servidora pública que os chamou de "Anormais e safados", afirmando que "lugar de veado é na mata", gerando, também, uma manifestação de mesmo nome, que ocorreu no hall da reitoria em 04 d edezembro de 2008.

Por isso afirmo que os homossexuais tem, sim, que ocupar mais espaços e levar as discussões sobre diversidade sexual em todas as instituições possíveis, especialmente na família e escola.

Um comentário:

zero disse...

Bom, aí complica mesmo. Tudo bem, vc tem razão. Quando um casal hétero está quase nas preliminares no meio da rua, é a virilidade. Mas quando são homossexuais, é safadeza.

Okay, eu não concordo também. Mas acho que numa sociedade onde há tanto preconceito, é complicado vc agir normalmente na frente de todos, e é quase um sonho achar que esse preconceito não existe. No mínimo, vc se submeterá a um constrangimento muito grande, e principalmente, aos outros.

Mesmo eu sendo a favor da liberdade, estamos atados a uma sociedade preconceituosa, e somos obrigados a limitar nossas vontades. Triste, mas uma verdade.