O cinema é uma das artes mais populares do mundo atualmente, e ao mesmo tempo vítima de uma massificação que o torna extremamente pobre. Poucos realmente conhecem essa arte em seus diversos potenciais e matizes, apesar do seu grande uso em todo o mundo.
Filho da sociedade industrial, o cinema é algo recente e ainda em grande experimentação, mas que já tem sua força e diversidade acorrentadas pela tradição de uma estética extremamente repetitiva, galgada em fórmulas pobres e limitadas. O cinema comercial não está preocupado com inovações, com experimentações estéticas ou encorpamento de conteúdo: para ele um filme é apenas mais uma mercadoria como qualquer outra e deve possuir uma forma acessível e vendável. Na perspectiva de que o cinema pode ser bem mais que, por exemplo, aquela velhas narrativas com início, clímax e final de temas batidos e reincidentes de Hollywood - mas não apenas de Hollywood visto que a estética hollywoodiana é repetida em todo o globo - essa limitação estética ata a produção de outros tipos de cinema e, conseqüentemente, a exploração dos potenciais da linguagem cinematográfica.
Essa convenção estética não é apenas ruim no que diz respeito a limitar os aspectos artísticos do cinema. Ela também é uma forma de domínio ideológico. Ao contrário do que a mídia tenta provar o tempo todo, o cinema não é apenas um meio de entretenimento, ele é um instrumento de reprodução de discursos, de idéias, de opiniões, de valores - de uma ideologia. O cinema - seja isso evidente ou não - carrega consigo uma carga política. Ele também constrói a noção do que é aceitável ou não, seja no condicionamento de uma uma narrativa fílmica - ao exemplo das pessoas que veem tanto os filmes organizados com princípio meio e fim, que estranham um filme sem final ou narrado sem linearidade -, ou na reprodução de valores - mostrar o que é certo ou errado, mostrar certos agentes sociais - polícia, comunistas, padres, ladrões, mendigos, prostitutas - com um estereótipo determinado.
Essa massficação leva a um condicionamento estético que acostuma a população com um padrão extremamente simples e didático, restringindo as possibilidades do cinema se desenvolver, mas acima de tudo, de levar as pessoas a questionarem seu contexto social ou o próprio conteúdo fílmico.
Por conseguinte, a pobreza do cinema comercial não é apenas estética, mas também de conteúdo. Refluxo de uma sociedade (de controle) preocupada em manter uma organização, um sistema, que procura inibir, através de padrões, a gama de interpretações, pensamentos, comportamentos ou outras manifestações do homem, pois elas se mostram muito perigosas à manutenção desse sistema.
Essa pobreza que é oferecida ao público em geral - constatada nos filmes oferecidos nos cinemas -, priva a população de outros olhares sobre o filme em sua forma e conteúdo. Na verdade, o que é negado ao público são outras possibilidades de leitura e questionamento!
Fica-se acostumado com fórmulas, soluções práticas, receitas e situações previsíveis, quando a realidade se mostra sempre imprevisível e plural. Contrói-se um mundo de fantasia, uma leitura ilusória do mundo que além de frustrante - pois ela nunca dá conta do real pelos motivos explicitados - permite às forças daqueles que dominam o sistema, manterem sua privilegiada situação.
Concluindo, quero dizer que, na verdade, o cinema comercial é um fenômeno sintomático das relações de poder que sustentam nossa sociedade e que permitem a uma elite não apenas dominar o mercado fílmico mundial, mas alienar uma população que perde este forte veículo de questionamento que pode vir a ser o cinema.
Filho da sociedade industrial, o cinema é algo recente e ainda em grande experimentação, mas que já tem sua força e diversidade acorrentadas pela tradição de uma estética extremamente repetitiva, galgada em fórmulas pobres e limitadas. O cinema comercial não está preocupado com inovações, com experimentações estéticas ou encorpamento de conteúdo: para ele um filme é apenas mais uma mercadoria como qualquer outra e deve possuir uma forma acessível e vendável. Na perspectiva de que o cinema pode ser bem mais que, por exemplo, aquela velhas narrativas com início, clímax e final de temas batidos e reincidentes de Hollywood - mas não apenas de Hollywood visto que a estética hollywoodiana é repetida em todo o globo - essa limitação estética ata a produção de outros tipos de cinema e, conseqüentemente, a exploração dos potenciais da linguagem cinematográfica.
Essa convenção estética não é apenas ruim no que diz respeito a limitar os aspectos artísticos do cinema. Ela também é uma forma de domínio ideológico. Ao contrário do que a mídia tenta provar o tempo todo, o cinema não é apenas um meio de entretenimento, ele é um instrumento de reprodução de discursos, de idéias, de opiniões, de valores - de uma ideologia. O cinema - seja isso evidente ou não - carrega consigo uma carga política. Ele também constrói a noção do que é aceitável ou não, seja no condicionamento de uma uma narrativa fílmica - ao exemplo das pessoas que veem tanto os filmes organizados com princípio meio e fim, que estranham um filme sem final ou narrado sem linearidade -, ou na reprodução de valores - mostrar o que é certo ou errado, mostrar certos agentes sociais - polícia, comunistas, padres, ladrões, mendigos, prostitutas - com um estereótipo determinado.
Essa massficação leva a um condicionamento estético que acostuma a população com um padrão extremamente simples e didático, restringindo as possibilidades do cinema se desenvolver, mas acima de tudo, de levar as pessoas a questionarem seu contexto social ou o próprio conteúdo fílmico.
Por conseguinte, a pobreza do cinema comercial não é apenas estética, mas também de conteúdo. Refluxo de uma sociedade (de controle) preocupada em manter uma organização, um sistema, que procura inibir, através de padrões, a gama de interpretações, pensamentos, comportamentos ou outras manifestações do homem, pois elas se mostram muito perigosas à manutenção desse sistema.
Essa pobreza que é oferecida ao público em geral - constatada nos filmes oferecidos nos cinemas -, priva a população de outros olhares sobre o filme em sua forma e conteúdo. Na verdade, o que é negado ao público são outras possibilidades de leitura e questionamento!
Fica-se acostumado com fórmulas, soluções práticas, receitas e situações previsíveis, quando a realidade se mostra sempre imprevisível e plural. Contrói-se um mundo de fantasia, uma leitura ilusória do mundo que além de frustrante - pois ela nunca dá conta do real pelos motivos explicitados - permite às forças daqueles que dominam o sistema, manterem sua privilegiada situação.
Concluindo, quero dizer que, na verdade, o cinema comercial é um fenômeno sintomático das relações de poder que sustentam nossa sociedade e que permitem a uma elite não apenas dominar o mercado fílmico mundial, mas alienar uma população que perde este forte veículo de questionamento que pode vir a ser o cinema.
4 comentários:
Muito bom esse texto. Mas é bom salientar que isto não ocorre somente com o cinema, mas tbm com todas as outras expressões artísticas, embora no caso das artes plásticas e esculturas isto não seja tão claro (por falta de conhecimento) para mim.... Mas com certeza é evidente no caso da música. E na música isso ainda é mais forte pela facilidade de produção e reprodução... Fica mais evidente, além de outras coisas, pelo o conteúdo das letras, mas a forma também é um meio de manipulação de massa e de alienação, porém poucas pessoas se ligam nisso, inclusive as "engajadas", as de esquerda que pensam que escutam algo diferente por causa da letra, mas esquecem da forma como o conteúdo é apresentado. Na maioria das vezes não há uma relação coerente entre forma e conteúdo na música... Música vai mais além do que é dito no meio dela, música é essencialmente som. E na forma como o som é trabalhado também existe ideologia... Há sons mais dançantes que outros, mais hipnotizantes que outros, mais melódicos e etc, (são exemplos simples, mas só pra lembrar que havia grande conteúdo político e ideológico nas músicas de Richard Wagner e L. van Beethoven - só para citar alguns dos mais famosos, mas a lista é grande) isso tudo é pensado na hora da construção de uma música que tem a finalidade de vender, vender, vender...... enfim, pra não ficar um comentário muito grande eu paro por aqui. depois conversamos mais sobre isso.
quem escreveu aí em cima fui eu, juninho! =p
Realmente interessante. Mas, como já foi mesmo falado ai acima, isto não é um "privilégio" do cinema, mas com certeza, está mais evidenciado no cinema mesmo. Até por que o cinema é uma arte mais... "cômoda" e popular, digamos assim. Porém, mesmo com toda essa banalização da arte fílmica, ainda há um conteúdo relevante a ser estudado, inclusive nos filmes comerciais. Não que isto seja mérito do filme em si, mas dos valores a ele atribuídos, por que, querendo ou não, a visão dos autores/diretores/produtores estará implícita. No mais, é um ótimo texto. "depois conversamos mais sobre isso." [2]
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