quinta-feira, 25 de março de 2010

Carta Aberta sobre o ENADE/SINAES

(Carta de sugestão para o Centro Acadêmico Quebra Quilos do Curso de História da UFPB, a fim de problematizar a questão da Avaliação do Curso, bem como os últimos acontecimentos de tensões entre a Coordenação do Curso e a representação estudantil)

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Desde 2004 todas as universidades são obrigadas a se submeter a avaliação do ENADE dentre elas a UFPB. Em consonância com o Movimento Estudantil nacional de esquerda unânime na posição de crítica e boicote ao ENADE, houve na UFPB e, mais especificamente, no curso de História um movimento político de oposição a prova puxado não apenas pelo Centro Acadêmico de História, mas com outros CA's e coletivos ainda hoje atuantes na UFPB.

O curso obteve um baixo resultado no ENADE, ficando sujeito à visita in loco de representantes do MEC. Neste período, O CA passava por um momento delicado de reorganização e de renovação dos quadros; Preocupado com uma mudança em práticas anteriores, o CA buscava maior diálogo com o Departamento de História (DH).

Nessa conjuntura, o coordenador professor Ângelo Emílio recebe a notícia da visita iminente do MEC. O DH fica apreensivo - provavelmente pelas notícias de más experiências de cursos pós-avaliação do MEC Brasil afora. Inicia-se um debate e estratégias do Departamento, Coordenação e CA para juntos identificar o motivo da nota baixa, e a pergunta freqüente era: foi o boicote o motivo da nota baixa? Mas não havia, nem há, dados para resolver tal questão.

A estratégia era clara: ASSINAR A PROVA E NÃO RESPONDER AO QUESTIONÁRIO, colocando um adesivo do boicote ou um zero de caneta - assim o aluno não se prejudicaria, pois a prova é OBRIGATÓRIA, e pré-requisito para receber diploma. Isso foi avisado em sala e no dia da prova, quando também houve mobilizações. No entanto, O CA foi acusado, INDEVIDAMENTE, de ter feito um ato "irresponsável" e acusado de brincar de fazer política pelo professor e coordenador Ângelo Emílio que dizia pela universidade que os estudantes de história boicotaram o ENADE porque o CA mandou, como “boiada”, retirando qualquer dimensão crítica e autônoma dos estudantes do curso de História.

Essa posição não foi corroborada por outros professores que tentavam explicar que a situação não era bem essa, que o CA estava em uma gestão específica - que de fato não é a de hoje -,embora tal decisão fora fruto de diversos debates, e que os estudantes não fizeram por “boiada”, mas por concordar com o posicionamento da gestão. No entanto, as acusações continuavam em momentos diversos, tornando-se mais tensa a situação com a visita do MEC.

Durante a recepção do CA para os feras de 2010, o professor Ângelo deu o aviso da avaliação do MEC e convidou os estudantes a participar de uma das reuniões. Em sua fala chegou a dizer que os alunos "não fossem dizer que tudo era dourado, mas também não fossem para a reunião reclamar apenas para fazer oposição por fazer oposição ao governo". Mais uma vez subestimou o pensamento dos estudantes e quis claramente influenciá-los frente a avaliação do MEC. Ora, essa atitude demonstra a posição tensa e temente do Departamento e em especial do coordenador com a avaliação do curso. Além de cometer o equívoco de querer insinuar aos alunos que façam um discurso moderado durante a reunião, o professor tentou diminuir um espaço legítimo de fala do alunado que, segundo nossa concepção, deveria ter o direito de dizer aquilo que achavam sem contenções, exercendo seu direito de expressar suas ânsias e inquietações com a Universidade e seus problemas estruturais.

Questionado sobre sua atitude na praça da alegria, o professor se exaltou e fez acusações graves e impertinentes ao CA: exaltado, acusou-nos de ser uma “seita política”, desconhecendo a situação real do CA e desrespeitando seus membros, especialmente os novatos. Além disso, a frase ignora a dinâmica política do Movimento Estudantil e do CA.

Há contradição em diversas falas que nos acusam de sermos responsáveis pela visita do MEC através do Boicote e quando se diz que o ENADE é só uma pequena parte do SINAES – Sistema Nacional de Avaliação do Ensino Superior - desprezando sua importância. Ora, se essa importância é tão pequena, por que a visita do MEC e por que tamanha preocupação?

Assim, estando a atual gestão interessada em agir com maior apuração sobre o tema, repetimos mais uma vez que estamos dispostos a discutir o assunto com nossos colegas de curso e professores (desde que com respeito às nossas posições), e para tanto tais espaços estão sendo discutidos.

Deixando claro: queremos discutir com a Coordenação e Departamento todas as questões relativas ao curso e Universidade, pedindo aos integrantes que esse evento equivocado não perturbe nossas relações. Todavia exigimos respeito a nossas posições que não devem nem vão se submeter a outras entidades da universidade fazendo jus a autonomia estudantil tão arduamente conquistada e lutada pela história do Movimento Estudantil da qual fazemos parte.

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Não sei se a carta será publicada na universidade...

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